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O Seio da Terra

                Uma História do Pensamento da Terra inicia-se pela procura do sentido que as marcas do pensamento têm deixado no planeta Terra e, nos  dias atuais,  até mesmo fora dele. O processo de  deixar rastros se estende para além das civilizações antigas que iniciaram seus registros em pequenas tabuletas de barro ou por sinais em pedras há mais de 5.000 anos. Propomos mostrar e refletir sobre uma parte desse patrimônio da  Terra, deixado pelas  diversas culturas até agora.


             A  noção de   pensamento  é o  que,  no  dizer  dos  próprios humanos, os  teria diferenciado das demais espécies da Natureza e, nesse sentido, seus vestígios encontram-se  antes  da  escrita. Esculturas  de pedra, pinturas em cavernas, artefatos para caça, marcas de contagem em ossos de animais, etc. foram as primeiras marcas do pensamento  dos  humanos.  


             Num sentido, são mesmo polifônicas as culturas que surgiram na Terra, ainda que possam, em alguns casos, terem traços herdados umas das outras. Em outro  sentido, a polifonia curva-se à unidade do pensamento como um todo. O pensamento dos humanos é pensamento  da Terra. 


        Mas, afinal, o que o pensamento é? Ora, nada mais enigmático e complexo de ser determinado. Ainda que possamos dizer como, em parte, ele funciona, ou seja, como se move nosso cérebro, como ele transmite e ocupa certas regiões neuronais passando, depois, para  outras  etc., ainda  não se sabe com certeza o que o pensamento propriamente  é.  Afinal, saber como é não significa saber o que é.

 

               Sequer sabemos se o pensar é fruto do cérebro ou se é algo  de  outra natureza que  usa  o cérebro para se manifestar. O certo é que o pensamento deixa marcas, e isso  nos interessa. Se em épocas passadas, as marcas dos pensamentos figuraram de maneira  isolada,  na medida em que as civilizações não tinham contato intenso entre si, nos  dias  atuais, podemos ver, ouvir o mundo inteiro  em  poucos cliques. Não só o presente, mas também  o  passado.

 

            Em tempo real, passamos a história  do  mundo, do  universo  e do homem, como se tudo isso houvesse sido rápido. As transformações foram lentas ao longo do  tempo e hoje precisamos transformações não só rápidas, mas profundas. Desenvolver categorias cognitivas suficientemente  estruturadas para darmos novos sentidos  ao  que  chega  até  nós é,  no  mínimo, razoável.


             É nessa direção que este espaço de trabalho espera contribuir para uma nova visão da sociedade terrena sobre si mesma.  Apresentar traços das marcas dos pensamentos dos humanos como um patrimônio único que nos lembre  de nossas origens, que nos  ponha de volta para o presente e nos lance para o futuro do século XXI com novos paradigmas civilizatórios.


             A civilização da Terra pelos humanos é uma só. Estamos postos frente a frente com nossas próprias diversidades, mas isso apenas mostra que estivemos dispersos por muito tempo. Houve meios de encontrarmos nós mesmos em tempos e distâncias longínquas. Não são outros esses humanos que vimos deixar as marcas  de  seus pensamentos pela Terra. Somos nós mesmos,  num outro tempo, num outro espaço. Precisamos  de novas teorias que acolham o diverso no mesmo. 


             Nesse sentido, a principal reforma que deve acontecer neste século é a reforma do entendimento dos humanos. Por um lado,  as singularidades e as particularidades dos indivíduos, das nações e das civilizações se intensificam, pois é isto é o que nos fornece identidade local,  mas, ao mesmo tempo, é hora de se criar um andar de cima no nosso interior para podermos lidar com o universal das singularidades dos povos.


             O  Brasil, em parte,  é  um bom lugar para se começar a fazer isto. 


              Assim, esperamos que o livro e o site Marcas e Pensamentos  seja ferramentas  para a reconstrução de nossas percepções e ideologias para o futuro deixando, nós também, as marcas da nossa geração, as marcas do pensamento da Terra no século XXI.

                                                                                                                 Terra, século XXI, dias de papel 

  

                                        Miguel Attie Filho

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